segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

ALÔ

alô, alô formigueiro
tão pequeninos e distantes os vejo
com suas bundinhas cintilantes
não se percebem, nem quando se esbarram
o importante é trabalhar continuamente
sem pausa para cigarro

alô, alô formiguinhas
quem vos saúda é um elefante
e com minha tromba gigante
hei de chacoalhar vossas vidas entediantes

minha manada é das grandes
minha manada topa qualquer parada
e com o pisar bem forte
destruiremos os holofotes
que cegam vossa jornada

alô, alô formigueiro
vos dizeis pacíficos
mas eu vos digo: passivos!
passam e repassam
operários e falsas rainhas
vossos castelos são de areia
com meu pisar eu faço brotar sereias

sereias, peixinhos, corais
sou um elefante que navega pelo mar, surgindo no cais
sentidos reais, transcedentais
formiguinhas, não vim para salvar
minha manada existe somente para complicar

e complicando organizamos
o que não sabeis organizar
e complicando organizamos
o que não sabeis organizar

adeus, adeus formigueiro
cansei-me de falar
passa-me o amendoim
que o caos já está no ar

sábado, 16 de janeiro de 2010

FOCK

desfocada do foco que sufoca
me apego na nota que faz brotar na alma
um estremecer divino que tanto acalma

desfocada do sufoco que enforca
me mantenho atenta em manter-me distraída
contradizendo os passos a esmo
que se fortalecem em toda recaída

enfocada no arriscar que não cessa em descansar
no dilúvio dos sonhos
as inspirações sempre vêm a molhar, sempre vêm a calhar

e não calo!

pois desfocada do foco que sufoca
estou focada em continuar